Em algumas regiões do Brasil ainda acontecem feiras de carnes de bovinos, suínos e frangos, com estes alimentos expostas ao sol, sem nenhuma refrigeração, sem proteção contra moscas e colocados em caixas plásticas ou de papelão reaproveitadas.
Esta “tradição” ignora por completo a segurança dos alimentos e as normas higiênico-sanitárias exigidas para alimentos de origem animal no Brasil.
Do ponto de vista microbiológico é uma situação muito grave. Há grande possibilidade de desenvolverem-se bactérias como:
-Salmonella spp e E. coli, causadoras de infecções intestinais graves e até septicemias fatais;
-Listeria monocytogenes, perigosa para gestantes e imunossuprimidos, podendo causar aborto e meningite;
-Clostridium perfringes e Staphylococcus aureus, que produzem toxinas, algumas resistentes ao calor do cozimento;
-Campylobacter jejuni, um dos principais agentes de diarreia aguda.
Também existe em várias regiões a “tradição” de consumir queijos coloniais com furinhos em forma de renda, e não redondos e regulares (próprios da tecnologia de fabricação). Estes furinhos são indicativos da presença de Coliformes, que podem ser fecais, resultantes de grave deficiência na higiene da ordenha ou da fabricação.
A ingestão destes alimentos contaminados está diretamente ligada ao aumento de internações por DTAs (Doenças transmitidas por alimentos), as quais, muitas vezes, nem entram para as estatísticas oficiais.
É preciso compreender que “tradição” não pode, de forma alguma, significar risco sanitário.
Fonte: Rosaine Moraes Méd. Vet. Coord. SIM